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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Você é Hands On?

 Vi um anúncio de emprego. A vaga era de Gestor de Atendimento Interno, nome que agora se dá à Seção de Serviços Gerais. E a empresa exigia que os interessados possuíssem - sem contar a formação superior - liderança, criatividade, energia, ambição, conhecimentos de informática, fluência em inglês e não bastasse tudo isso, ainda fosse HANDS ON.
 Para o felizardo que conseguisse convencer o entrevistador de que possuía essa variada gama de habilidades, o salário era um assombro: R$1.800,00. Ou seja, um pitico.
 Não que esse fosse algum exemplo fora da realidade. Ao contrário, é quase o
 paradigma dos anúncios de emprego. A abundância de candidatos permite que
 as empresas levantem cada vez mais a altura da barra que o postulante terá
 de saltar para ser admitido. E muitos, de fato, saltam. E se empolgam. E aí vêm as agruras da
 super-qualificação, que é uma espécie do lado avesso do efeito pitico...
 Vamos supor que, após uma duríssima competição com outros candidatos tão
 bem preparados quanto ela, a Fabiana conseguisse ser admitida como gestora
 de atendimento interno... E um de seus primeiros clientes fosse o seu Borges, gerente da Contabilidade.
 *Seu Borges*: -- Fabiana, eu quero três cópias deste relatório.
 *Fabiana*: -- In a hurry!
 *Seu Borges*: -- Saúde.
 *Fabiana*: -- Não, Seu Borges, isso quer dizer 'bem rapidinho'. É que eu tenho fluência em inglês. Aliás, desculpe perguntar, mas por que a empresa exige fluência em inglês se aqui só se fala português?
 *Seu Borges*: -- E eu sei lá? Dá para você tirar logo as cópias?
 *Fabiana*: -- O senhor não prefere que eu digitalize o relatório? Porque eu tenho profundos conhecimentos de informática.
 *Seu Borges*: -- Não, não. Cópias normais mesmo.
 *Fabiana*: -- Certo. Mas eu não poderia deixar de mencionar minha criatividade. Eu já comecei a desenvolver um projeto pessoal visando eliminar 30% das cópias que tiramos.
 *Seu Borges*: -- Fabiana, desse jeito não vai Dar!
 *Fabiana*: -- E eu não sei? Preciso urgentemente de uma auxiliar.
 *Seu Borges*: -- Como assim?
 *Fabiana*: -- É que eu sou líder, e não tenho ninguém para liderar. E considero isso um desperdício do meu potencial energético.
 *Seu Borges*: -- Olha, neste momento, eu só preciso das três cópias tá?
 *Fabiana*: -- Com certeza. Mas antes vamos discutir meu futuro...
 *Seu Borges*: -- Futuro? Que futuro?
 *Fabiana*: -- É que eu sou ambiciosa. Já faz dois dias que eu estou aqui e ainda não aconteceu nada.
 *Seu Borges*: -- Fabiana, eu estou aqui há 18 anos e também não me aconteceu nada!
 *Fabiana*: -- Sei. Mas o senhor é hands on?
 *Seu Borges*: -- Hã?
 *Fabiana*: -- Hands on... Seu Borges? Mão na massa, entendeu.
 *Seu Borges*: -- Claro que sou!
 *Fabiana*: -- Então o senhor mesmo tira as cópias. E agora com licença que eu vou sair por aí explorando minhas potencialidades. Foi o que me prometeram quando eu fui contratada.
 Então, o mercado de trabalho está ficando dividido em duas facções:
 1 - Uma, cada vez maior, é a dos que não conseguem boas vagas porque não têm as qualificações requeridas.
 2 - E o outro grupo, pequeno, mas crescente, é o dos que são admitidos porque possuem todas as competências exigidas nos anúncios, mas não poderão usar nem metade delas, porque, no fundo, a função não precisava delas.
 Alguém ponderará - com justa razão - que a empresa está de olho no longo prazo: sendo portador de tantos talentos, o funcionário poderá ir sendo preparado para assumir responsabilidades cada vez maiores.
 Em uma empresa na qual trabalhei, nós caímos nessa armadilha. Admitimos um
montão de gente super-qualificada. E as conversas ficaram de tão alto nível
 que um visitante desavisado confundiria nossa salinha do café com a Fundação Alfred Nobel.
 Pessoas super-qualificadas não resolvem simples problemas!
 Um dia um grupo de marketing e finanças foi visitar uma de nossas fábricas e no meio da estrada, a van da empresa pifou. Como isso foi antes do advento do milagre do celular, o jeito era confiar no especialista, o Cleto, motorista da van. E aí todos descobriram que o Cleto falava inglês, tinha informática e energia e criatividade e estava fazendo pós-graduação...só que não sabia nem abrir o capô. Duas horas depois, quando o pessoal ainda estava tentando destrinchar o manual do proprietário, passou um sujeito de bicicleta.
 Para horror de todos, ele falava 'nóis vai', ou coisas do gênero. Mas, em 2 minutos, para espanto geral, botou a van para funcionar.
 Deram-lhe uns trocados, e ele foi embora feliz da vida.
 Aquele ciclista anônimo era o protótipo do funcionário para quem as Empresas modernas torcem o nariz: O QUE É CAPAZ DE RESOLVER, MAS NÃO DE IMPRESSIONAR.
(Max Gehringer)
Este texto é para mostrar o quanto toda e qualquer pessoa é importante e pode fazer a diferença com atitudes simples, basta querer fazer e nada mais.
Tenham um bom dia e fiquem com Deus.

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